Much is driven by this desire. Nations are built, wars are fought, gangs are formed, political parties are born. Personal actions, too — smaller and more delicate — follow suit: Mortgages are signed, marriage contracts sealed, birth certificates filled in, death certificates handed out. Comfort comes through the signature on the dotted line. Some even take their earthly paraphernalia — a grandfather's watch, a favorite hat, a love poem — to their graves, foolish but affecting codas to soon-to-be forgotten lives.
Of course permanence is an illusion. Borders shift, fortunes fall, colors fade, lovers drift, spouses hang by the thread of that dotted line. What once seemed vital gets forgotten.
As a teen I carried Nausea by Sartre everywhere I went, until I actually began to feel nauseated and returned it to the library, unfinished. Existential nihilism, I decided, was not for me. What I came to believe, as the years progressed, was that the desire to affirm one's existence is not in itself foolish; the desire to do so through permanence is. I find beauty in life's ephemera, though like most people I am afraid of loss and endings.
Still, despite the only certitude I have — the knowledge that I will die — I find pleasure and love, if not meaning. Often, this happens when an experience evokes an unbroken joy — a ray of light beaming into a warm room on a winter morning, the uninterrupted presence of someone I love next to me, and things, less concrete — a memory, a song, a word.
In his Myth of Sisyphus Albert Camus likens our absurd existence to the fate of the Greek mythological figure, whose task was to push a rock up a mountain, watch it roll down, only to begin again, fully aware of the futility of his condition. Camus concludes that "the struggle itself toward summits is enough to fill a man's heart. One must imagine Sisyphus happy."
Like Sisyphus, I get up every morning, grab a cup of coffee, and sit at my desk. I stare at the lines from the poem "Tobacco Shop" by Fernando Pessoa, pasted on my wall. Pessoa writes:
But the Tobacco Shop owner has come to the door and stands there.
I look at him, straining my half-turned neck,
Straining my half-blind soul.
He'll die and so will I.
He'll leave his signboard, I'll leave poems.
A little later the street will die where his signboard hung,
And so will the language my poems were written in.
I begin writing and I think, "Yes, dear Fernando, but so what? My lines exist for now, not even, mind you, in my original language, which has not yet vanished, but no doubt will in my bloodline." And if I were not overly concerned with the hazards of smoking, I would light up a cigarette. »
«Sou uma filha da revolução – infelizmente, não do tipo “flower power”, mas do poder do turbante. Cresci com absolutos: Ama o rei, abaixo o rei, ama o Imã. Lembro-me, ao fazer o caminho para a escola na Teerão dos anos 80 por entre slogans espalhados por paredes e cartazes, da crença primitiva, ou melhor, do sentimento infantil do que, eventualmente, se tornaria uma crença: Todos queremos provar que existimos.
Muito é guiado por este desejo. Nações são construídas, guerras são travadas, uniões são formadas, partidos políticos nascem. Acções individuais, também – pequenas e mais delicadas - seguem o mesmo caminho: hipotecas são assinadas, contractos de matrimónio selados, certificados de nascença preenchidos, certificados de morte distribuídos. O conforto vem da assinatura no picotado. Alguns levam até a sua parafernália – um relógio da avó, o chapéu favorito, um poema de amor – para as suas sepulturas, tontos mas pontos finais em vidas para rapidamente serem esquecidas.
Claro que a permanência é uma ilusão. Fronteiras mudam, fortunas caem, cores desvanecem, esposas aguentam pelo fio desse picotado. O que certo dia pareceu vital é esquecido.
Em adolescente, andava com A Náusea de Sartre para todo o lado, até que comecei a sentir-me nauseada e entreguei-o de volta à livraria, por acabar. O niilismo existencialista, decidi, não era para mim. O que acabei por acreditar, com o passar dos anos, foi que o desejo de afirmar a existência de alguém não é totalmente desprovido de sentido; o desejo de o fazer pela permanência, sim. Vejo beleza na efemeridade da vida, apesar de, como maior parte das pessoas, ter medo da perda e de finais.
Ainda assim, apesar da única certeza que tenho – a certeza de que irei morrer - encontro prazer e amor, se não sentido.
Não raras vezes, isto acontece quando uma experiência evoca uma felicidade inquebrável - um raio de luz brilhar num quarto quente numa manhã de Inverno, a ininterrupta presença de alguém que amo perto de mim e coisas menos concretas – uma memória, uma música, uma palavra.
No seu Mito de Sísifo, Albert Camus compara a nossa absurda existência ao destino da figura mitológica grega, cuja tarefa era empurrar uma pedra acima de uma montanha, vê-la descer, para começar novamente, completamente consciente da futilidade da sua condição. Camus concluía que " A luta em si, para atingir um objectivo é suficiente para preencher o coração do Homem. Devemos imaginar Sísifo feliz.”
Como Sísifo, levanto-me todas as manhãs, bebo um café, e sento-me na minha secretária. Fixo os versos do poema “A Tabacaria” de Fernando Pessoa, colados na minha parede. Pessoa escreve:
Mas o dono da Tabacaria veio à porta e ficou lá.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada,
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei poemas.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Começo a escrever e penso, “Sim, querido Fernando, e então? As minhas linhas existem por agora, nem sequer, vê bem, na minha língua original, que ainda não desapareceu, mas, sem dúvida, irá na minha geração.” E se não estivesse demasiado preocupada com os perigos de fumar, acenderia um cigarro.»
Dalia Sofer.
Adorei, Alex =)
ResponderEliminarWow! Está excelente Alex :D
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