vol en provenance
de Barcelone à la porte trente-deux.
Elle est allongée
sur le dos, dans l’herbe,
elle croit tomber en regardant le ciel.
Sur l’échafaudage
que le vent balance,
il repeint en sifflant le mur de l’immeuble.
Un car de transport
scolaire est tombé
dans un ravin : 6 morts et 22 blessés.
Elle a cassé le
thermomètre pour
jouer avec les boules de vif-argent.
Il souffle sur la
limaille de fer.
Le bruit des machines traverse le casque.
Le grand magasin
ferme. Les vendeuses
sortent vite par la porte de service.
Pendant le dîner,
les informations :
champ de décombres du tremblement de terre.
L’enfant se réveille
et il s’aperçoit
qu’une fois encore il a trempé son lit.
Elle dit bonsoir
d’une voix très rauque
qui ressemble à un sanglot inexplicable.
Il reste deux heures
devant le flipper,
cramponné à l’appareil, les dents serrées.
Après le dîner
c’est encore la
télé. Elle tricote en la regardant.
Il est accroupi
dans les escaliers
et c’est écrit sur un carton qu’il a faim.
Elle ne l’a pas
entendu venir.
Tressaille en sentant la main sur son épaule.
Il met deux doigts sous
les aisselles du
nouveau-né pour le faire sortir du ventre.
La voiture, après
un tête-à-queue et
deux tonneaux va se planter dans le talus.
Ils se tiennent par
le bras et promènent
devant eux, en parlant, leur canne d’aveugles.
Il met toujours un
bouquet de violettes
devant la photo de sa femme. Il est veuf.
La petite fille
se cache derrière
la porte et s’endort. On la trouve. On en rit.
Il ouvre les yeux,
ne reconnaît rien.
A tout oublié. Ne sait plus qu’un mot : oui.
Il fait nuit et froid.
Elle marche vite.
Derrière elle, un pas d’homme insiste. Elle a peur.
Le père aime bien
sa fillette. Il aime
pincer les joues rebondies. Il lui fait mal.
Elle tourne la
cuillère de bois
dans la confiture, rouge translucide.
Le virage tue
ou blesse, bon an
mal an, sa vingtaine d’automobilistes.
Michelle Grangaud.
Anunciam o
voo proveniente
de Barcelona na porta trinta e dois.
Ela está deitada
de costas, na erva.
Crê cair ao olhar o céu.
No andaime
que o vento balança
ele pinta de novo, assobiando, o muro do edifício.
Um carro de transporte
escolar caiu
numa ravina: 6 mortos e 22 feridos.
Ela partiu
o termómetro para
brincar com os glóbulos de mercúrio.
Ele sopra
as limalhas de ferro
O barulho das máquinas trespassa o capacete.
A grande loja
fecha. Os vendedores
saem rápido para a porta de serviço.
Durante o jantar,
as notícias:
escombros do tremor de terra.
O rapaz acorda
e apercebe-se
que, mais uma vez, molhou a sua cama.
Ela diz boa noite
com uma voz muito rouca
que se assemelha a um soluço inexplicável.
Ele fica 2 horas
à frente dos "flippers",
colado à máquina, os dentes serrados.
Depois do jantar
é outra vez
a televisão. Ela tricota enquanto a vê.
Ele está agachado
nas escadas
e está escrito num cartão que ele tem fome.
Ela não o
ouviu vir.
Estremece ao sentir a mão sobre o seu ombro.
Ele mete dois dedos por baixo
das axilas do
recém-nascido para o fazer sair do ventre.
O carro, depois
de um peão e
de duas voltas no ar aterra na encosta.
Eles agarram-se pelo
braço e passeiam-se
à sua frente, enquanto falam, as suas canas brancas ( = de cegos)
Ele mete sempre um
"bouquet" de violetas
à frente da foto da sua mulher. É viúvo.
A pequena rapariga
esconde-se atrás
da porta e adormece. Pessoas encontram-na. E riem-se.
Ele abre os olhos,
não reconhece nada.
De tudo esquecido. Não sabe mais que uma palavra: sim.
Está noite e frio.
Ela anda rápido.
Atrás dela, um passo de homem ainda se ouve. Ela tem medo.
O pai ama muito
a sua filha. Gosta
de lhe apertar as bochechas rechonchudas. Está a aleijá-la.
Ela mexe a
colher de pau
na geleia vermelha translucida.
A curva mata
ou fere, ano sim
ano não, a sua parte de automobilistas.
voo proveniente
de Barcelona na porta trinta e dois.
Ela está deitada
de costas, na erva.
Crê cair ao olhar o céu.
No andaime
que o vento balança
ele pinta de novo, assobiando, o muro do edifício.
Um carro de transporte
escolar caiu
numa ravina: 6 mortos e 22 feridos.
Ela partiu
o termómetro para
brincar com os glóbulos de mercúrio.
Ele sopra
as limalhas de ferro
O barulho das máquinas trespassa o capacete.
A grande loja
fecha. Os vendedores
saem rápido para a porta de serviço.
Durante o jantar,
as notícias:
escombros do tremor de terra.
O rapaz acorda
e apercebe-se
que, mais uma vez, molhou a sua cama.
Ela diz boa noite
com uma voz muito rouca
que se assemelha a um soluço inexplicável.
Ele fica 2 horas
à frente dos "flippers",
colado à máquina, os dentes serrados.
Depois do jantar
é outra vez
a televisão. Ela tricota enquanto a vê.
Ele está agachado
nas escadas
e está escrito num cartão que ele tem fome.
Ela não o
ouviu vir.
Estremece ao sentir a mão sobre o seu ombro.
Ele mete dois dedos por baixo
das axilas do
recém-nascido para o fazer sair do ventre.
O carro, depois
de um peão e
de duas voltas no ar aterra na encosta.
Eles agarram-se pelo
braço e passeiam-se
à sua frente, enquanto falam, as suas canas brancas ( = de cegos)
Ele mete sempre um
"bouquet" de violetas
à frente da foto da sua mulher. É viúvo.
A pequena rapariga
esconde-se atrás
da porta e adormece. Pessoas encontram-na. E riem-se.
Ele abre os olhos,
não reconhece nada.
De tudo esquecido. Não sabe mais que uma palavra: sim.
Está noite e frio.
Ela anda rápido.
Atrás dela, um passo de homem ainda se ouve. Ela tem medo.
O pai ama muito
a sua filha. Gosta
de lhe apertar as bochechas rechonchudas. Está a aleijá-la.
Ela mexe a
colher de pau
na geleia vermelha translucida.
A curva mata
ou fere, ano sim
ano não, a sua parte de automobilistas.
Michelle Grangaud.
Sem comentários:
Enviar um comentário